O termo deficiente auditivo, segundo BEHARES (1993), reflete uma visão médico-organicista onde o surdo é visto como portador de uma patologia localizada, uma deficiência que precisa ser tratada. BEHARES (1993) critica esta visão, alegando que o surdo precisa ser visto sob uma perspectiva sociocultural. Ele relata que estudos atuais têm chamado a atenção para o emprego do termo surdo uma vez que é esta a expressão utilizada pelos próprios surdos para se referirem a si mesmo e a outros surdos. BEHARES (1993) afirma que é importante considerar que o surdo difere do ouvinte, não apenas porque não ouve, mas porque desenvolve potencialidades psicoculturais próprias. A limitação auditiva acarreta a necessidade de aquisição de um sistema lingüístico próprio (gestual-visual), desenvolvendo conseqüências de ordem social, emocional e psicológica.
Há dois tipos de surdos: o parcialmente surdo (surdez leve e moderada), e o surdo (surdez severa e profunda). Portador de Surdez Profunda - Aluno que apresenta perda auditiva superior a noventa decibéis. A gravidade dessa perda é tal, que o priva das informações auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a linguagem oral. As perturbações da função auditiva estão ligadas tanto à estrutura acústica, quanto à identificação simbólica da linguagem. Um bebê que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva externa, fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral. Assim também, não adquire a fala como instrumento de comunicação, uma vez que, não a percebendo, não se interessa por ela, e não tendo "feedback" auditivo, não possui modelo para dirigir suas emissões.
Segundo o Ministério da Educação e do Desporto, há 43.241 surdos nas escolas em todos os níveis escolares. (CENSO, 1998). Isso quer dizer que somente 2% dos 2,5 milhões de brasileiros portadores de deficiência auditiva, dos quais 500.000 são surdos profundos, freqüentam a escola.
Para falar sobre os deficientes auditivos, sua língua de sinais e o lançamento do seu DVD, “Grandes Momentos - Musicalidade em LIBRAS”, produzido por Dino Guimarães, o intérprete de Libras, Nilton Câmara, participa do Programa “Ênio Carlos” deste domingo (17).
O intérprete de línguas esclarece que ao contrário do que muitos imaginam as Línguas de Sinais não são simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias. Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque elas também são compostas pelos níveis lingüísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico.
Assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua de Sinais irá aprender uma outra língua, como o Francês, Inglês etc. Os seus usuários podem discutir filosofia ou política e até mesmo produzir poemas e peças teatrais.
O jovem de apenas 29 anos, iniciou seu trabalho com Surdos no ano de 1998 quando avistou um grupo de pessoas falando com as mãos em uma igreja local sendo tocado imediatamente em seu coração para esta obra. Sempre dedicado aos estudos, Nilton Câmara aprendeu rapidamente os sinais e em apenas um mês já interpretava canções em LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais. Assim, em pouco tempo a Comunidade Surda aprendera a amar e a reconhecer o profissionalismo e dedicação deste jovem como um intérprete ativo na sociedade em prol dos surdos e seus familiares.
Nilton Câmara participou do polêmico quadro “Você Atende?” E atendeu telefonemas como de Vanessa Vidal, modelo surda, que foi a segunda colocada no Miss Brasil 2008. Falou porque atende o apresentador Luciano Huck e de que forma a nossa querida Carla Soraya, sua amiga twitteira, apóia sua carreira e a causa dos deficientes auditivos do Ceará.
Sempre com muita simpatia, o intérprete não atendeu “telefonemas” como os da cantora, compositora, dançarina e atriz americana Britney Spears, nem da socialite também americana, Paris Hilton. Nilton, defensor da paz, não atendeu ao “chamado” de Dado Dolabella. “Não o atendo enquanto não tiver postura de homem de caráter”, afirmou o intérprete de Libras.